sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Carta aos Estudantes de Ciências Sociais


Caros(as) estudantes,

Nós da comissão organizadora do XXVI ENECS, preocupados(as) em deixar todo o movimento estudantil a par do andamento da organização do encontro, decidimos redigir esta carta respondendo às necessidades legítimas do MECS a respeito da desatualização do nosso blog e da falta de noticias, assim como apresentando as dificuldades encontradas pela C.O. na organização do evento.

Em primeiro lugar a falta de notícias ocorreu devido a participação de parte da C.O. no 8º EIV –MG, durante o qual não é viável o acesso a internet, dificultando a comunicação com o restante do grupo. Já a outra parte dos membros da organização estava de férias, sendo que alguns estavam viajando e outros em suas respectivas cidades. Entendemos a ansiedade por  notícias uma vez que a C.O. não tem um período de férias durante a organização do encontro, mas ressaltamos que a maior parte da situação estrutural do encontro foi relatada no CONECS, em Seropédica-RJ.

Em fevereiro voltamos a atividade e nos deparamos com alguns problemas sérios. O XXVI ENECS ainda não possui local para acontecer, pois em Belo Horizonte enfrentamos grandes problemas quanto a disponibilidade de locais públicos. A PUC-MG por ser uma universidade privada não permite que estudantes se alojem nas suas dependências. Quanto a UFMG,  o estatuto proíbe que a universidade sirva de alojamento para qualquer atividade, por isso a inviabilidade do alojamento ser na própria universidade como de costume. Nós da C.O temos consciência que este é um grande problema político, porém não está em nossa alçada, no momento, modificar o estatuto da UFMG.

Sendo assim, seguimos em frente e pensamos que poderíamos conseguir o estádio Mineirinho, que está localizado bem próximo a UFMG e cujo terreno pertence a universidade. No entanto, quando entramos em contato, o responsável (diga-se de passagem, um coronel indicado pelo nosso governo tucano) nos informou que o aluguel seria de 20.000 reais POR DIA e que não teria negociação, tornando este espaço inviável. Temos olhado outras possibilidades, inclusive próximas a BH, mas os orçamentos encontrados até o momento são INVIÁVEIS, atingindo a casa de 200.000 reais.

Apesar de todos estes problemas ainda temos algumas alternativas e estamos trabalhando ativamente para conseguir um lugar para alojar todos(as) os(as) estudantes. Neste momento estamos articulando com a prefeitura de Belo Horizonte para conseguir escolas municipais e com a Assembléia Legislativa para conseguir ou fazer uma pressão junto ao Mineirinho, no sentido de barateá-lo para nossa organização ou conseguir outro espaço no estado que nos comporte. Estamos passando por um período de muitas reuniões para resolver a estrutura do ENECS, por conta disso é que temos tido uma debilidade quanto da comunicação para os(as) estudantes, debilidade esta que sabemos que temos que resolver – e é este o sentido desta carta

Embora a estrutura ainda não esteja acertada, no que diz respeito à metodologia, o XXVI ENECS está bem formulado, conseguimos acumular bastante nesse sentido e muita coisa interessante e criativa está por vir! No CONECS já apresentamos a metodologia ao Movimento Estudantil de nosso curso. Lá saiu o encaminhamento de fazermos uma cartilha explicando como vai se dar o funcionamento deste ENECS, uma vez que mudamos muito em relação aos anteriores. A cartilha já tem seu esqueleto pronto e estamos trabalhando para que até o fim de fevereiro ela já esteja disponível para todos(as) os interessados.

Portanto não estamos parados, estamos apenas priorizando a questão estrutural que no momento é o que mais nos preocupa para que possamos recebê-los em julho. Também contamos firmemente com o compromisso de todo o MECS do país para que as escolas se preparem ativamente anteriormente, construindo o pré-enecs e desde já trabalhando na garantia de finanças para deslocamento. Dessa forma, estaremos juntos dando passos na construção de um ENECS que se pretende histórico.

4 comentários:

  1. Compartilhando a dificuldade de acesso à nossa própria cidade...

    Matéria do jornal "Hoje em Dia", dia 20/02

    Convivência: Belo-horizontino coleciona proibições

    População convive com teatro sem pipoca, parque sem bicicleta, Carnaval sem rua, passeio sem mesa de bar

    Augusto Franco - Repórter - 20/02/2011 - 09:33

    Carlos Rienck
    Praça da Estação

    “Praia da Estação” começou em dezembro de 2009, quando foi proibido “todo e qualquer tipo de evento”

    Imagine uma cidade sem manifestações culturais nas ruas, como as micaretas e o Carnaval. Sem feiras populares, sem mercados tradicionais, sem mesas de bares e restaurantes nas calçadas, sem pipoqueiros na porta dos teatros e cinemas. Nos parques, a única prática 100% legal é a contemplação. É proibido andar de bicicleta, deitar na grama, levar o cachorro para passear e até esticar as costas deitado nos bancos. E as atividades remanescentes de uma época menos restritiva estão ameaçadas. Por lei, esta cidade é Belo Horizonte.

    Nas últimas duas décadas, a palavra de ordem do poder público na capital foi uma só: “é proibido”. Leis propostas, aprovadas pela Câmara Municipal e sancionadas pelos prefeitos Eduardo Azeredo, Patrus Ananias, Célio de Castro, Fernando Pimentel e Marcio Lacerda proibiram a maior parte das manifestações públicas cidade afora.

    Agora, novos planos, ainda em fase de estudo, pretendem retirar da Avenida Afonso Pena a Feira de Artesanato – a maior do gênero em toda a América Latina. E das calçadas do boêmio Bairro Santa Tereza, na Região Leste, mesas de todo e qualquer bar, já que os passeios são estreitos demais. As duas medidas enfrentam resistência de comerciantes e associações de moradores.

    A primeira vítima da moda de “proibir” foi o desfile de Carnaval na Avenida Afonso Pena. Depois de uma sequência que começou em 1959, com interrupções nos anos de 1977 e 1989, os desfiles das escolas foram definitivamente proibidos em 1992, durante a administração de Eduardo Azeredo. O motivo: muita sujeira, e os blocos atrapalhando o trânsito.

    “O Carnaval com blocos na Afonso Pena era diferente de todos os outros do país. Aqui, eles subiam a avenida, e a multidão fazia a tradicional Guerra de Confete na altura do Cine Brasil, na Praça 7. Era uma farra”, conta Luiz Mário Jacaré Ladeira. Ele é um dos fundadores da Banda Mole, que há 36 anos movimenta o Centro de BH no sábado anterior ao de Carnaval.

    A própria Banda Mole foi vítima de proibição, depois de uma série de incidentes em 2003. Naquele ano, a Polícia Militar acabou usando de truculência para conter foliões que subiam a Rua da Bahia. Os foliões saíam da Praça 7, subiam Rua da Bahia, desciam Guajajaras ou Timbiras e retornavam para o local de origem, arrastando uma multidão do meio-dia até depois das 22 horas.

    Outras baixas das reclamações de vizinhos incomodados com o barulho e com o xixi na rua foram o Micaronte, que morreu depois de sua primeira edição, em 199, e o Carnabelô, que depois de cinco anos foi transferido do Centro de BH para o Mineirão e depois para o Megaspace, em Santa Luzia.

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  2. “Praia da Estação” vira bloco

    Belo Horizonte terá pelo menos 12 blocos caricatos independentes - e não contabilizados pela prefeitura - passando pelas ruas do Centro, Santa Tereza e outros bairros da capital durante o Carnaval deste ano. O lançamento dos blocos, que já têm temas, sambas e marchas compostas para a folia, acontece no dia 26, na Praça da Savassi. A organização ficou totalmente a cargo de jovens que participam desde o final de 2009 do movimento “Praia da Estação”. Todos os sábados, dezenas de pessoas se reúnem no local trajando roupas de bano e munidos de instrumentos musicais, caixas de isopor com cerveja, refrigerante e lanches, O frescobol não pode faltar.

    A “Praia da Estação” começou em dezembro de 2009, quando o prefeito Marcio Lacerda proibiu “todo e qualquer tipo de evento” na praça. A medida foi publicada no dia 10 de dezembro, e no final de semana seguinte, o protesto começou. Nas duas primeiras semanas, guardas municipais e policiais militares cercaram os manifestantes. Depois, a fiscalização parou, e as reuniões continuaram.

    O grito de Carnaval do dia 26 vai contar com barraquinhas de comida e bebida organizadas pelos jovens para arrecadar fundos, lançamento das músicas compostas para este Carnaval, e o pré-lançamento do primeiro CD da banda mineira Pequena Morte.

    Vários integrantes do grupo participam das manifestações. Entre eles, o baterista Tamás Bodolay. Segundo ele, toda a articulação está sendo feita por meio de sites de relacionamento, como o Facebook e o Orkut, e grupos de discussão via e-mail.

    “Essa movimentação acaba tendo, de certa forma, um viés político. É um questionamento ao prefeito Marcio Lacerda e à proibição do uso da Praça da Estação, no ano passado”. Além das próprias músicas, integrantes do protesto colocaram nas comunidades letras completas de marchinhas consagradas, como “Índio quer apito”, “Saçaricando” e “Coração de Jacaré”.

    Banho de sol termina na prisão

    Hábito em parques nos países europeus, Estados Unidos e em algumas cidades da América Latina, o banho sol em praça pública acabou em prisão em Belo Horizonte. A designer Márcia Amaral foi parar na delegacia em 2008, depois de se deitar para tomar banho de sol na então recém-reformada Praça Raul Soares, no Hipercentro de BH.

    Dois guardas municipais obrigaram a “Musa da Praça”, apelido dado pela Imprensa belo-horizontina à designer, a sair da grama, onde havia estendido sua canga. Teimosa, Márcia resistiu, deitou-se ao lado da fonte, na calçada, e acabou sendo arrastada pelo braço.

    Em audiência realizada no mesmo dia no Juizado Especial Criminal, Márcia foi condenada pelo juiz Cristiano de Oliveira Cesarino a prestar quatro horas semanais de serviços à comunidade durante três meses. A medida evitou que ela respondesse a processo criminal.

    Além de desacato, a designer foi enquadrada na Lei Federal 9.609, de 1998, cujo artigo 49 prevê punição de um a seis meses de prisão ou multa a quem prejudicar ou danificar planta ornamental em logradouro público.

    Márcia reapareceu dois anos depois, na “Praia da Estação”, na semana passada. “Morei na Europa, e lá é supercomum aproveitar as praças públicas para tomar sol. Aqui é que é uma roça, mas as pessoas estão começando a se acostumar com essa moda”.

    Sempre bem-humorada, a designer, que segue morando no Edifício JK, em frente à Praça Raul Soares, critica a restrição. “O curioso é que eu não posso, mas os mendigos e os bêbados podem dormir na grama sem problemas, e as madames que passeiam com seus cachorrinhos deixam o cocô na via pública sem serem incomodadas”.

    O sol também nasce para todos em países nórdicos, como Suécia e Noruega, onde a temperatura é baixa na maior parte do ano. Quando aparece, é comum que as mulheres façam top less nos parques e praças, mesmo que os termômetros não cheguem aos 20 graus.

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  3. Compreendo a dificuldade pela qual vocês estão passando e admiro o empenho na busca de uma solução para o abrigo dos estudantes. No entanto, uma dúvida que não deve ser entendida como ofensiva: tendo em vista que o alojamento dos estudantes é fator primordial para a organização de um evento, isto não havia sido pensado antes?

    Torço para que tudo dê certo.
    Um abraço,
    Alan

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  4. Quando nos candidatamos para trazer o ENECS pra BH sabiamos da dificuldade de alojar os estudante, de fato é algo a mais com que nos preocupar, mas nada impediu de irmos atrás e conseguir (conseguimos!) =)

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